Synopsis
Este livro é de ensaios. Uma das primeiras obras de Marco Lucchesi. Nota-se o estilo inovador, erudito e sedutor que marcaria toda a vasta literatura posterior do poeta. A obra atravessa, de forma profunda, obras e autores de grande importância para a literatura universal.
O sorriso do caos guarda uma profunda inquietação, um assombro desmedido e uma curiosidade atormentada, de quem jamais conheceu a Biblioteca de Babel, e que imagina galerias hexagonais, escadas que se abismam, corredores tortuosos, infinitas prateleiras, e uma imponderável claridade, que ajudou Borges a vislumbrar o liber librorum, a soma infinita dos livros perdidos, sonhados, ou esquecidos. Todos, sem exceção, maiores ou menores, ínfimos ou prodigiosos, compõem a ideia platônica do Livro, nesse vasto labirinto de folhas e pedras, de que é feita a Biblioteca de Babel.
Essas páginas obedecem à lógica de qualquer livro que o toma um habitante daqueles corredores e daquelas prateleiras. Tal como Swedenborg pretendia que os pulmões se decompõem num certo número de pequenos pulmões, o fígado em pequenos fígados, e o baço em pequenos baços, um livro se compõe de pequenos livros, que por sua vez se compõem de outros pequenos livros, formando uma espécie de teia de aranha, uma rede fractal, descrição de descrições, pensamentos de pensamentos, e saudades de Babel.
Que essas paisagens derivadas – pedras, mapas, fractais, gentes, cidades – acabem desenhando em sua diversidade, o rosto inquieto de seu autor, aberto ao mundo cheio de esperança e perplexidade.
M.L.
Rio de Janeiro, 1997